domingo, 4 de abril de 2010


quinta-feira, 25 de março de 2010

Não espere ficar pior cuide-se a fé é a ultima que morre

O termo alimentação representa muito a todos nós. É um assunto que todos acreditam conhecer profundamente e que está enraizado de forma tão profunda na cultura e tradição que muitas crenças relacionam os alimentos à saúde ou doenças. Algumas delas são verdadeiras, algumas parcialmente verdadeiras e outras falsas.




O profissional de nutrição é capacitado e responsável no esclarecimento de uma alimentação equilibrada separando o mito da realidade (não confundindo o folclore, lendas e crendices aos fatos científicos)



Derrubando mitos verdadeiro ou falso na alimentação:



Beterraba é uma das principais fontes de ferro

Falso - Os alimentos ricos em ferro são as carnes, os miúdos, as leguminosas (feijão, lentilha, ervilha e grão de bico) e as verduras de folhas verde-escuras (exceto espinafre). A beterraba, assim como outros legumes, contem vitaminas e minerais, mas não é rica em ferro.



Espinafre é uma excelente fonte de fero (o mito do Popeye)



Falso - Já se pensou, anteriormente que o espinafre era uma boa fonte de ferro, porém isso não é verdadeiro pela presença do ácido oxálico, que é um poderoso inibidor da absorção de ferro no organismo.



Suco de clorofila serve para aumentar plaquetas

Falso - Embora seja composto por vários vegetais (cada pessoa elabora de uma forma), esse suco contém várias vitaminas e minerais, mas não aumenta o número de plaquetas.



Vitamina C aumenta a absorção de ferro

VERDADEIRO. Ingerir algum alimento rico em vitamina C (laranja, acerola, caju, limão) com as refeições principais, contendo no almoço e jantar uma porção de leguminosa, vegetais e carnes para que assim a absorção do ferro presente nestes alimentos possa ser melhor aproveitada.



Não consumir leite, chá, café e refrigerante junto com as refeições principais (almoço e jantar)



Verdadeiro - Estas bebidas dificultam a absorção do ferro pelo organismo, devido a presença de cálcio e tanino na composição dos mesmos. Portanto, é importante manter um intervalo de pelo menos 1 hora, entre as refeições e o consumo destas.



Carne bovina é mais rica em ferro quando está malpassada ou “sangrando”



Falso - A carne vermelha é fonte de proteína e ferro in natura ou após a cocção pois mantém seus nutrientes. Porém, é importante prepará-la adequadamente e não consumi-la crua ou malpassada, pois aumenta o risco de intoxicação alimentar.



Suco de laranja com beringela reduz o colesterol



Parcialmente Verdadeiro - Este suco é efetivo quando associado a uma dieta equilibrada, pobre em gordura saturada (frituras, embutidos, queijos amarelos, doces gordurosos, manteiga e carnes gordas) e atividade física regular.





A cerveja, vinho e outras bebidas alcóolicas não são alimentos e por isso não engordam



Falso - A única bebida que não engorda é a água. Qualquer álcool que ingerimos é metabolizado imediatamente, mesmo quando as calorias que ele gera rapidamente não são transformadas diretamente em gordura, elas contribuem para a ingestão total de calorias e, assim, aumentam as chances de ganho de peso.



O chocolate vicia



Parcialmente Verdadeiro - Rigorosamente falando, comer chocolate não pode ser descrito como um vício. Entretanto, muitas pessoas sentem um desejo muito forte por chocolate, especialmente as mulheres. Estudos mostraram que, na segunda metade do ciclo menstrual, quando os níveis de estrogênio começam a cair, o chocolate proporciona os precursores para a serotonina, que tem um efeito calmante, e para as endorfinas que regulam o humor.



O chá de cogumelo melhora / fortalece o sangue



Falso - Ainda não existe nada comprovado cientificamente apesar de pesquisas estarem em andamento.



O peixe não pode ser consumido no pós-operatório



Falso - Isso é uma crença antiga. O peixe é um alimento que faz parte do grupo de alimentos construtores, ou seja, ajudam na formação de tecidos, defesa do organismo contra infecções, cicatrização de feridas e cirurgias, fortalecimento dos músculos e funcionamento do cérebro.

Atenção: A importância de uma alimentação correta em Tratamentos de Câncer

Alimentando-se corretamente o paciente irá se sentir melhor e mais forte, além de manter ou recuperar o peso, tolerar melhor os tratamentos e os efeitos colaterais, diminuir o risco de infecção e melhorar a cicatrização.




A terapia nutricional para pacientes com câncer deve ser realizada de forma individualizada, levando-se em consideração, suas necessidades nutricionais, restrições dietéticas, tolerância, estado clínico, e efeitos colaterais esperados. Deve ser instituído tão logo seja diagnosticado a doença para prevenir a perda de peso e a desnutrição.



A escolha da estratégia nutricional pode variar desde a orientação nutricional nos primeiros estágios preventivos do diagnóstico, até a implementação de nutrição enteral (por sonda) em pacientes que não sejam capazes de suprir suas necessidades por via oral.



Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) no Brasil ocorrerão 472.050 casos novos de câncer em 2006. Os tipos mais incidentes, à exceção de pele não melanoma, serão os de próstata e pulmão no sexo masculino e mama e colo do útero no sexo feminino. Embora a situação ainda esteja muito longe da ideal, recentemente as possibilidades de tratamento do câncer são bem maiores do que eram há alguns anos atrás.



A incidência de desnutrição em pacientes com câncer varia de 40 a 80%, sendo que os pacientes com tumores na região de cabeça e pescoço, pulmão, esôfago, estômago, cólon, reto, fígado e pâncreas apresentam uma maior prevalência, enquanto os pacientes com câncer de mama, leucemia, sarcoma e linfomas tem um baixo risco de perda de peso. A variação dessa prevalência ocorre primariamente pela localização do tumor, mas pode ser também devido a diferentes critérios utilizados para definir a desnutrição: idade, tamanho do tumor, tipo histológico, grau de estadiamento, presença de metástase e tratamento oncológico.



Os efeitos clínicos da desnutrição se manifestam por dificuldade de cicatrização, aumento do risco de infecção e toxicidade do tratamento, maior demanda de cuidados e custos hospitalares, diminuição da resposta ao tratamento, da qualidade de vida e sobrevida, quando comparados com pacientes com um adequado estado nutricional.



As modalidades de tratamento para o câncer podem incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou a combinação de ambos. Cada uma destas podem resultar em efeitos colaterais que afetam o estado nutricional. As cirurgias podem resultar em dor local, dificuldade de mastigação e deglutição, jejum prolongado, fístulas, infecção da ferida operatótia, etc. A radioterapia e a quimioterapia não atuam exclusivamente na população de células malignas, atuam também nos tecidos normais, causando os efeitos colaterais e contribuindo para problemas nutricionais específicos e afetando potencialmente o estado nutricional do paciente.



Alguns quimioterápicos levam a anorexia causando uma anormalidade no paladar, presença de ulceração na mucosa como mucosite, queilose, glossite, estomatite e esofagite interferindo na ingestão de nutrientes devido a dor severa. Praticamente todas as drogas antineoplásicas causam náuseas, vômitos e alterações gastrointestinais como a diarréia e constipação, sendo que esses sintomas são proporcionais a quantidade de droga ministrada, tornando-se mais intensos quando a quantidade de droga for maior. As primeiras conseqüências são redução da ingestão alimentar e conseqüentemente uma depleção do estado nutricional.



A gravidade dos efeitos da radiação dependem da área tratada, do volume, da dose e do tempo de tratamento. Apesar de temporários esses sintomas levam a graves conseqüências nutricionais, em especial quando os pacientes não são submetidos a um acompanhamento nutricional precoce e adequado. Portanto, as intervenções nutricionais pró-ativas em substituição às reativas devem integrar a terapia do câncer para que haja melhora nos resultados clínicos e na qualidade de vida.



A terapia nutricional pode ser feita por três vias, ou seja, a via oral, enteral ou parenteral. Cada método tem suas indicações precisas e adequadas, não cabem considerações sobre qual método é mais seguro ou barato. Havendo condições sempre a via mais fisiológica é a ideal.



Deve-se insistir na via oral, fracionando melhor as refeições, modificando a consistência da dieta e variando a alimentação para evitar monotonia. Se apesar destes ajustes não se conseguir atingir as necessidades calóricas é válido o uso de suplementos nutricionais orais.

Recomendações nutricionais para melhorar os sintomas causados pelos tratamentos



Sintomas

Recomendações possíveis





Anorexia

Orientar sobre a necessidade de um bom estado nutricionalAumentar o fracionamento das refeiçõesAumentar a densidade calórica das preparaçõesMelhorar a apresentação dos pratosUtilizar bebidas nutritivasPossibilitar a escolha das refeiçõesProporcionar ambientes agradáveis para as refeiçõesEvitar cobrança excessiva de ingestão alimentar





Fadiga

Receber ajuda na acomodação à mesaNão ajudar na preparação dos alimentosAdaptar a consistência da dieta





Náuseas e vômitos

Aumentar o fracionamento das refeiçõesNão ingerir líquidos durante as refeiçõesFicar afastado da cozinha durante o preparo das refeiçõesEvitar os alimentos muito condimentados, gordurosos e docesAlternar refeições líquidas com as sólidas, não-concomitantesSugerir preparações de alta digestibilidade em temperatura fria ou gelada ou à temperatura ambienteNão deitar-se logo após as refeições





Alteração de paladar e odor

Manter a temperatura das refeições conforme melhor aceitar Substituir os alimentos pouco tolerados por aqueles nutricionalmente similares e melhor aceitosMelhorar a apresentação dos pratos





Mucosite, estomatite,odinofagia, ulcerações na orofaringe

Antes das refeições, providenciar alívio da dor Evitar os alimentos irritantes (especiárias, secos, duros, ácidos, etc.)Evitar extremos de temperatura Modificar a consistência da dieta para pastosa ou semi-sólida dependendo do grau de comprometimento da mucosa oralCuidados com higiene oralIndicar terapia nutricional enteral nos casos mais gravesEvitar bebidas alcoólicas, cafeína e tabaco





Xerostomia

Ingerir pequenas quantidades de líquidos freqüentementeAvaliar a necessidade de saliva artificial e indicá-laEstimular o consumo de balas de limão ou hortelã e gomas sem açúcar Introduzir mais molhos, caldos, sopas na dieta





Saciedade precoce

Aumentar o fracionamento das refeiçõesEvitar o consumo abundante de bebidas, especialmente durante as refeiçõesEvitar alimentos crusEvitar preparações gordurosas ou muito ricas em molhos



Diarréia

Aumentar a ingestão de líquidos Preferir refeição leveIngerir pequenas porções durante o diaUtilizar temperos como cebola, alho, sal e óleo com moderaçãoSuspender os alimentos laxativos como verduras, frutas como laranja, mamão, ameixa preta, côco ( a água de côco pode)Introduzir os alimentos constipantes como batata, mandioca, sagú,



Constipação Intestinal(prisão de ventre)

Aumentar a ingestão de líquidos, dando preferência aos sucos laxativos Aumentar o consumo de alimentos ricos em fibras (legumes, frutas com casca ou bagaço, verduras cruas e cozidas, cereais integrais)Evitar o consumo de maisena, creme de arroz, arrozina e fubáPraticar atividade física sob orientação médica







O que devo fazer para ter uma alimentação adequada?



Os alimentos desempenham diversas funções no organismo. Dessa forma, eles se agrupam de acordo com as funções que exercem, não existindo nenhum alimento que seja completo, ou seja, que sozinho tenha tudo o que nosso organismo precisa para ter um bom funcionamento, portanto, é necessário introduzir alimentos de funções diferentes nas suas refeições para sua dieta estar equilibrada. Por exemplo: o almoço contendo 1 porção de cereal (arroz ou macarrão ou batata) + 1 porção de leguminosa (feijão ou lentilha ou ervilha) + 1 porção de carne ou ovo + 2 porções de hortaliças (vegetais crus e cozidos) + 1 porção de fruta como sobremesa.



Utilizar o óleo e sal com moderação para o preparo das refeições e cebola, alho e ervas aromáticas (salsa, coentro, manjericão, alecrim, louro, etc) à vontade. Para saber mais dê uma olhada num exemplo de uma dieta geral.



O tratamento do câncer é complexo e leva às alterações físicas, psicológicas e sociais, não só para o portador da neoplasia, mas também para as pessoas que convivem com ele. A importância e a necessidade de uma equipe multidisciplinar, geralmente envolvem o trabalho de diversos especialistas treinados e experientes, em locais que possuem infra-estrutura suficiente, com o objetivo de redução da morbimortalidade e melhora da qualidade de vida do paciente e de seus familiares.

Dieta equilibrada durante o tratamento do câncer

O que e quanto comer não são decisões simples para muitas pessoas. Fatores como preferência, hábitos familiares e culturais, relações psicológicas, processos do câncer afetam o consumo alimentar de um indivíduo.




Uma alimentação saudável é sempre vital para que o organismo funcione bem. A boa nutrição é fundamental para os pacientes em tratamento de câncer.



O planejamento alimentar é parte importante do tratamento do câncer. Uma alimentação correta durante essa fase pode contribuir para o seu bem estar e fortalecimento, evitando a degeneração dos tecidos do corpo e ajudando a reconstruir aqueles que o tratamento contra o câncer possa ter prejudicado. Pacientes com boa alimentação durante o tratamento de câncer têm mais condições de vencer os efeitos colaterais e de enfrentar, com êxito, a administração de doses mais altas de certos medicamentos.



A nutrição é importante e vital para o corpo trabalhar. Pacientes com câncer que têm bons hábitos alimentares podem ter mais disposição para enfrentar efeitos colaterais do tratamento, adquirir menos infecções e estar apto a ter uma vida normal.



Estas informações têm por objetivo esclarecer dúvidas e orientá-lo a respeito do tratamento e dos cuidados que você deve ter nesse período com sua alimentação e nutrição.



Os efeitos colaterais do seu tratamento podem ser amenizados com uma alimentação adequada.



Quando não se ingere a quantidade suficiente ou o tipo correto de alimento, o corpo utiliza os nutrientes que tem armazenado para servirem de fonte de energia. O resultado é que as defesas naturais se enfraquecem e o corpo não consegue combater as infecções. No entanto, esse sistema de defesa é importantíssimo para quem tem de enfrentar o tratamento contra o câncer, pois nessas circunstâncias, é sempre grande o risco de adquirir infecções.



Lembre-se que uma boa alimentação é extremamente importante quando o corpo está combatendo uma doença.



Relise  Cedido pelo Hospital de Urgências Das Clinicas

Quimioterapia......Alimentos recomendados durante o tratamento

As drogas quimioterápicas poderão provocar efeitos colaterais que muitas vezes influenciam diretamente na sua ingestão alimentar.




Se você não estiver apresentando nenhum efeito colateral (diarréia, constipação intestinal, náuseas e vômitos, perda de apetite, alteração de paladar, mucosite, leucopenia, plaquetopenia), a sua alimentação deve ser de consistência normal ou de acordo com sua aceitação, fracionada (cinco a seis refeições/dia), variando ao máximo os componentes do cardápio, para evitar monotonia alimentar.



A ingestão de líquidos (água, sucos, água de coco, sopas etc.) deverá ser de no mínimo 1,5 a 3 litros por dia, para que haja eliminação da parte tóxica do medicamento. Durante o tratamento a ingestão de bebidas alcoólicas não é aconselhada.



Exemplo de cardápio nutritivo





Para atender a todas as recomendações nutricionais deve-se variar os alimentos diariamente. A quantidade do alimento a ser ingerido varia de indivíduo para indivíduo, pois cada um tem a sua própria necessidade para tanto. Consulte um nutricionista que ele saberá como melhor adaptar a sua dieta com suas necessidades.
Refeições


Alimentos

Substituições



Café da manhã

Leite com alto teor de ferro

Café Pão integral

Geléia de frutas Mamão

Queijo, coalhada

Chá ou achcolatado

Pão francês, torrada, bolacha

MargarinaFrutas da época



Lanche da manhã

Pêra

Frutas da época



Almoço

Arroz Feijão Peixe cozido

Vagem cozida

Agrião em salada Azeite de oliva e sal em pouca quantidade

Laranja

Massa, batata, polenta

Lentilha, ervilha, grão de bico

Frango sem pele, ovo ou carne magra

Chuchu, abobrinha, cenouraAlface, rúcula, catalonia, acelga

Ervas aromáticas

Frutas da época



Lanche da tarde

Mingau de aveia

Leite ou iogurte com cereal



Jantar

Massa ao sugo

Frango assadoEscarola refogadaBeterraba em saladaAzeite de oliva e sal em pouca quantidade

Melão

Arroz integral, batata,mandioca

Carne magra, peixe, ovo

Acelga, almeirão, agrião

Berinjela, quiabo, tomate

Ervas aromáticas

Frutas da época



Lanche da noite

Leite

Bolacha cream cracker

Margarina

Iogurte, queijo Torrada, bolo, pão

Geléia de frutas



Caso apresente algum efeito colateral, algumas mudanças nos hábitos diários e na alimentação também auxiliam o paciente no combate desses sintomas, tais como:




• Prefira alimentos de fácil digestão.

• Procure fazer pequenas refeições várias vezes ao dia.

• Respeite seus gostos e preferências.

• Evite alimentos gordurosos e frituras em geral.

• Coma devagar, mastigue bem os alimentos.

• Prefira alimentos frios, gelados, ou em temperatura ambiente.

• Evite deitar-se logo após as refeições.

• Evite odores fortes.

• Procure ficar afastado da cozinha durante o preparo das refeições.

• Se necessário, adicione um suplemento nutricional para melhorar a ingestão de nutrientes (converse com o nutricionista para saber qual o suplemento indicado para você).

• Procure não exercer atividades que exijam esforço físico.

• Procure vestir roupas leves.

• Converse com seu médico para ajustar a medicação para melhorar os efeitos colaterais.



A. C De Camargo Ao  Lado da Santa Casa De SP.

quarta-feira, 24 de março de 2010

10 passos para uma vida mais saudável

Numa época em que tudo ao redor parece complicado, a busca por uma vida simples e saudável parece sonho. Administrar o trabalho e os relacionamentos tornou-se uma tarefa difícil, incessante. Chegamos a ter saudades do tempo em que não havia computador, TV a cabo e telefone celular. Viramos escravos das novidades, dos últimos modelos, das versões atualizadas, dos upgrades, da informação em tempo real... Um fio que se parte é suficiente para provocar o caos: nos sentimos desconectados do mundo, em algum buraco negro da civilização.




Uma passagem atribuída a um personagem lendário do sufismo, Muslah Nasrudim - aquele que sempre aparece em anedotas e contos de humor e fina ironia -, ilustra bem a necessidade de resgate das coisas que realmente importam na vida. O astuto Nasrudim transportava em um barco um homem famoso por sua erudição. Ele pergunta a Nasrudim se havia aprendido gramática, ao que esse responde que não. O erudito afirma, então, que, com isso, Nasrudim perdeu metade da sua vida. O herói, por sua vez, pergunta ao erudito se aprendeu a nadar e este diz que não. "Então, o senhor perdeu toda sua vida", diz Nasrudim, "pois estamos afundando." Esse relato mostra o que acontece quando se dá prioridade ao que é desnecessário - quem precisa de um barqueiro que conhece gramática? - e se colocam em plano secundário as coisas mais simples da vida - como aprender a nadar.



Um bom começo é nos livrarmos de tudo o que é supérfluo. Temos de aprender a doar livros, roupas e badulaques que sobram nas gavetas e nos armários. É possível também aliviar a carga nas responsabilidades diárias, no excesso de compromissos e de atividades. E consumir com mais critério, sabedoria, evitando produtos que aumentem a poluição em nosso organismo ou no meio ambiente. Com uma dieta saudável, sem usar a comida para compensar ansiedade ou frustrações, corpo e alma tendem à harmonia, nos poupando tempo, energia (e um bom dinheiro) com médicos, analistas e remédios. É certo e líquido.



Você vai ver, a seguir, 10 sugestões para tornar a vida muito mais leve e plena. Claro, não é uma lista completa - ficou de fora " aprenda a nadar" , por exemplo -, nem professa que pode mudar sua vida ou salvar o mundo. Isso só você pode fazer.



1. Conheça a si mesmo

Um dos ensinamentos do Budismo diz que a ignorância é a causa de todos os problemas e sofrimentos, mas que a ignorância sobre si mesmo é a maior de todas as ignorâncias. Sábias palavras: envolvidos em obrigações e compromissos, não temos tempo para olhar para dentro de nós. Vivemos ligados nos aspectos concretos da sobrevivência - as contas para pagar, os telefonemas a fazer, a lista de compras etc. - apenas com uma vaga percepção de nossos processos internos. Então, desempenhamos os diferentes papéis - filho, pai, esposa, namorado, amante, funcionária, chefe - seguindo um "roteiro" imposto pelos outros, sem levar em conta as nossas necessidades. Uma tremenda complicação. "Somos condicionados por regras, crenças e ideologias herdadas ou adquiridas no dia-a-dia. Sem procurar o autoconhecimento, vivemos ligados no piloto automático", diz Ken O'Donnell, diretor para a América do Sul da Universidade Espiritual Mundial Brahma Kumaris e autor de livros sobre emoções e espiritualidade. "Momentos de introspecção são fundamentais para avaliarmos se estamos no caminho certo."



A meditação é a mais conhecida ferramenta para "olhar para dentro". Meditar, em princípio, não significa sentar em posição de lótus, acender incenso e ouvir música new age. Isso pode valer quase nada se o praticante não tomar consciência de seus processos internos, tanto físicos, quanto mentais ou emocionais.



Há uma parábola que compara nosso mundo interior a uma casa, onde tudo está em bagunça. Coisas fora do lugar, horários malucos, os cães com fome, o jardim em abandono. Durante a meditação, temos a oportunidade de chegar nessa casa de repente - quase sempre para encontrar o mordomo ou qualquer outro no comando. Se a intenção é reassumir e manter a nossa liderança na casa, precisamos fazer essas visitas-surpresa com regularidade.



"A meditação pode ser simplesmente uma reflexão mais profunda e organizada", explica Ken O'Donnell. Algumas técnicas estão ligadas a religiões, filosofias ou artes marciais. Outras misturam várias linhas. É possível fazer um curso de meditação ou mesmo tentar sozinho, com o auxílio de um bom livro.



Falta de tempo não é desculpa: o pensador russo George Ivanovitch Gurdjieff (1872-1949) ou o líder espiritual indiano Mohan Chandra Rajneesh, o Osho (1931-1990), sugerem a "meditação em movimento" (confira também as idéias do poeta e mestre zen vietnamita Thich Nhat Hanh, a partir da página 64).



É possível meditar em pé, fazendo caminhadas, cuidando das plantas, durante uma reunião de trabalho, dirigindo ou em meio ao burburinho de uma feira. É impossível controlarmos a vida à nossa volta, mas podemos controlar a nossa vida.



2. Pratique o bem

Gestos de generosidade, fraternidade e preocupação com o próximo, com os animais ou o meio ambiente têm o poder de nos fazer sentir inspirados, felizes e de bem com a vida. "Praticar o bem é instintivo no ser humano e as religiões se apropriaram dessa idéia, prometendo aos bons o reino dos céus", explica Denise Gimenez, professora de Ciências da Religião do Departamento de Teologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo. "Quem faz caridade se sente ainda mais gratificado do que quem recebe." A qualidade de nossos atos e palavras é capaz de influenciar nossa vida, segundo a relação de causa e efeito. Toda e qualquer ação ecoa pelo universo, o que nas tradições ocultas chama-se "lei da ressonância". E não é apenas se doar para os outros. É preciso também procurar o bem para nós mesmos. E essa felicidade pode estar nas atividades simples e corriqueiras.



Há sinais muito claros de que a ficha da generosidade está caindo. Grandes e pequenas empresas de todo o mundo já abandonaram a idéia paternalista da filantropia para se envolver de verdade com as comunidades, com as organizações não-governamentais e com os projetos que incluem benefícios sociais. Em nível individual, essa atitude conta pontos para as nossas carreiras, ainda que não seja essa a intenção primeira do nosso gesto.



3. Aproxime-se da natureza

"Nada é pior do que as leis que regem a vida nas cidades", disse recentemente o artista plástico polonês Frans Krajcberg. "Vivemos em bunkers e se queremos saber o que está acontecendo, ligamos a televisão." Você deve ter ouvido falar de Krajcberg: ele cria esculturas com troncos carbonizados e mora no sul da Bahia como Tarzan, numa casa em cima de uma árvore. Mas nem precisa tanto: basta entrar em contato com a natureza, às vezes numa breve caminhada, para experimentar a calma, a lembrança de o quanto a vida pode ser simples e descomplicada. Os xamãs, sábios curandeiros presentes em todas as culturas desde a pré-história, consideram a natureza um santuário e ensinam a respeito da importância dos momentos de solidão na selva - também serve a mata do parque perto da sua casa. O ideal é, ao menos uma vez por mês, viajar para o campo ou para a praia, tomar banhos de mar ou cachoeira, percorrer trilhas, acampar, pescar, quem sabe até ousar nos esportes radicais, como mergulho, rafting, rapel ou vôo livre.



Cyro Leão, terapeuta floral e corporal, professor da escola de xamanismo Paz Geia, em São Paulo, lembra que leitos de riachos são fonte de saúde e paz de espírito. "As pedrinhas estimulam os meridianos dos pés, linhas de energia que correspondem a todos os órgãos do corpo." Basta andar descalço na terra, na areia ou na grama para equilibrarmos em nosso corpo as cargas de eletricidade e de outras energias invisíveis. Ou seja, até uma caminhada no jardim de casa pode fazer uma grande diferença.



4. Livre-se do supérfluo

Imelda Marcos, ex-primeira dama das Filipinas, orgulhava-se de possuir 3 000 pares de sapatos (não é difícil imaginar por que seu marido, o ditador Ferdinand Marcos, foi deposto e banido pelo povo). Mesmo sem esse exagero, muitas vezes damos mau exemplo vivendo cercados de roupas, livros, discos, papéis, quinquilharias que não nos servem mais. A mesma coisa nas finanças: precisamos realmente de três cartões de crédito? Contas em vários bancos? Para os chineses, objetos sem uso, quebrados ou amontoados, geram estagnação de energia, com efeitos negativos sobre a saúde, o trabalho ou os relacionamentos dos moradores da casa. Esse é um dos principais ensinamentos do feng shui, mistura de ciência e arte praticada há 6 000 anos, que ensina a adequar as forças da natureza nos diversos ambientes para conseguir harmonia e daí bem-estar. A solução chinesa é simples: doe ou jogue fora tudo o que não tenha mais finalidade ou uso. "Não é preciso pôr no lixo fôrmas de bolo que são pouco usadas, mas é bastante recomendável doar o vestido de noiva da sua avó", explica o consultor de feng shui Eduardo Svetlosak, de São Paulo.



Quando nos cercamos de coisas inúteis, não desperdiçamos apenas espaço no ambiente, mas também dentro de nós. Livres das coisas velhas, damos chance para que o novo entre em nossa vida. Na própria lida de uma boa faxina, em geral procedemos também a um esvaziamento da mente, eliminando memórias e apegos que não nos servem mais.



5. Desacelere

Sua vida nada mais é que pular de uma atividade a outra? Ir de casa para o trabalho, dali para a escola e, no meio tempo, academia, curso de inglês e computação? Você vive enrolado em compromissos, telefonemas, e-mails, reuniões? Então, está mais do que na hora de puxar o freio de mão. Tente parar um momento e refletir se é possível aliviar essa sobrecarga. A dica de ouro é separar o que é importante do que é urgente. A clareza de propósitos leva a decisões acertadas, economiza tempo, energia e recursos. "A vida é o reflexo do nosso mundo interior", afirma Ken O'Donnell, da Universidade Espiritual Brahma Kumaris. "Quanto mais nossa cabeça estiver confusa e ocupada com pensamentos inúteis, mais complicado será o nosso dia-a-dia."



O especialista sugere que nos desconectemos do turbilhão várias vezes por dia, fazendo pausas de duas em duas horas, durante não mais do que 30 segundos. Nesses momentos, convém prestar atenção na respiração, que deve ser tranqüila e profunda. Observar o tráfego de pensamentos, em vez de ingenuamente se deixar levar por eles, é um grande progresso. Outro truque é, logo de manhã, antes de mergulhar na roda-vida das obrigações, ponderar sobre as reais necessidades e prioridades do dia. E à noite, na hora de dormir, reservar novamente um tempinho para um balanço final.



No livro Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, o escritor Stephen Covey produz uma pérola: "É melhor ter uma bússola do que um relógio". É isso. Os momentos de introspecção ajudam a resgatar a bússola.



6. Consuma com consciência

"Menos é mais." A máxima é atribuída ao arquiteto e designer holandês Ludwig Mies van der Rohe (1886-1969), um gênio dos projetos minimalistas. Muitas pessoas, inclusive aquelas para as quais dinheiro não é problema, estão descobrindo que consumir não necessariamente traz felicidade. E que qualidade, tanto quanto responsabilidade, deve estar sempre na frente da quantidade. Segundo o Fundo Populacional das Organizações das Nações Unidas (UNFPA), uma criança nascida em um país industrializado, onde os níveis de consumo são altíssimos, colabora para o desperdício e poluição ambiental o mesmo que 30 a 50 crianças nascidas nos países em desenvolvimento. Comprar com discernimento, portanto, não significa reprimir desejos, mas nos reorientarmos em direção a novos valores, tendo em mente o impacto ambiental e social que produzimos através da cultura do excesso.



Uma ONG que promove o consumo consciente, o Instituto Akatu, de São Paulo, acredita que o consumidor pode transformar o mundo ao evitar desperdício de comida, de água e de papel. Segundo dados do Akatu, se um milhão de pessoas usarem a frente e o verso do papel para escrever, a cada mês seriam preservadas árvores suficientes para cobrir 18 campos de futebol. A preocupação vale para a água, um bem natural que tende a se tornar raro nas próximas décadas. Se um milhão de pessoas reduzissem seu banho de 12 para 6 minutos, seriam economizados mensalmente 1,62 milhão de metros cúbicos de água, o suficiente para abastecer 432 mil pessoas por dia. E os gastos com energia diminuiriam o equivalente a uma usina de 700 megawatts - como a de Angra I, em Angra dos Reis, RJ. Enfim, se as "contas para pagar" são o inferno da sua vida, reduzi-las é um passo crucial rumo à simplicidade e ao bem-estar.



7. Cultive a auto-suficiência

Ser auto-suficiente não significa apenas conquistar independência financeira e pagar sozinho as contas e o aluguel, mas principalmente contar com as próprias reservas internas para enfrentar os desafios rotineiros. "Quanto mais contamos com os outros, maior o risco de frustração", afirma a psicoterapeuta junguiana Lúcia Rosenberg, de São Paulo. Precisamos também fortalecer a auto-estima, evitando nos tornarmos dependentes da aceitação das pessoas. "Quem busca aprovação em tudo o que faz perde a autoconfiança", diz Lúcia. "É preciso contar com a certeza de estar fazendo o melhor, caso contrário corremos o risco de virar um eterno carente." Uma forma de dependência comum é depositar as chances de ser feliz nas mãos dos outros: namorado(a), marido, mulher ou filhos. Baixar os níveis de expectativa sobre o comportamento das outras pessoas e tentar se concentrar nas próprias possibilidades é a chave para aprender a ser auto-suficiente. Não há escolha: somos os únicos responsáveis por nossa felicidade.



8. Coma com sabedoria

Os rabinos judeus há séculos atribuem à comida um significado cósmico e adotam o conceito do leve/pesado em vez do gordo/magro. Para eles, não é improvável que uma pessoa obesa seja "pesada" em vários sentidos e não só na balança. "A dieta não serve para ficar mais magro, mas sim para ficar mais leve", afirma o rabino Nilton Bonder no livro A Dieta do Rabino - A Cabala da Comida. Na prática, comer com discernimento não significa abrir mão dos prazeres da boa mesa, mas usar o equilíbrio toda vez que fazemos o prato ou abrimos a geladeira. É ter consciência do que estamos querendo: matar a fome e a sede ou compensar frustrações e afogar mágoas? É bom também comer sem pressa, saboreando cada garfada. "Engolir" a comida aumenta a ansiedade e a tensão. Uma dieta saudável inclui frutas, verduras, legumes, sucos e cereais integrais. Moderação é recomendável quando se trata de doces, bebidas alcoólicas e carnes vermelhas, frituras, refrigerantes, salgadinhos e alimentos industrializados. Ao optar por produtos frescos, pode-se até abrir mão de equipamentos como freezer e forno de microondas: bastam o fogão e a geladeira, como antigamente.



9. Exercite a aceitação

"É que Narciso acha feio o que não é espelho"... O verso de Caetano Veloso em "Sampa" ajuda a compreender a dificuldade do ser humano de aceitar diferenças. Em geral, somos pouco afeitos a acatar opiniões e pontos de vista conflitantes com os nossos. Desperdiçamos energia julgando e recriminando as pessoas à nossa volta - e a nós mesmos - com base em opiniões já formadas. Esse julgamento é feito por meio da comparação: bom ou ruim, bonito ou feio, certo ou errado...



Para o Budismo a verdadeira compreensão está além da comparação e significa reconhecer a singularidade de cada coisa e cada pessoa. Aceitar os outros tal como são é a mais sublime e apaziguadora forma de respeito.



Aceitação inclui também ter jogo de cintura para enfrentar imprevistos sem desperdiçar energia. "Tentamos enquadrar os acontecimentos em um roteiro que só existe em nossa cabeça e nos consideramos aptos a lidar apenas com o que havíamos idealizado", explica a terapeuta junguiana Lúcia Rosenberg.



10. Ria bastante

Séculos antes de Cristo, na Grécia, os médicos atribuíam as diferenças de vitalidade entre os indivíduos aos "humores" do corpo - líquidos como sangue, bílis e linfa. Eles acreditavam, por exemplo, que uma pessoa mal-humorada tinha alguma disfunção no fígado, o que a deixava amarga como a própria secreção do órgão, a bílis. Todo mundo sabe que uma boa risada é antídoto milagroso para os males do corpo e do espírito. Mas para aliviar o peso que colocamos em nossas próprias costas, é preciso aprender a rir de nós mesmos, de nossos erros e bobagens. O mau humor é conseqüência da frustração que sentimos frente a exigências que impomos a nós mesmos ou que achamos que os outros esperam de nós. "Pessoas com o dom do humor têm a certeza secreta de que tudo é relativo, tanto as vitórias quanto os fracassos", escreveu num ensaio a indigenista colombiana Gladys Jimeno Santoyo.



O riso contribui para baixar os níveis de cortisol e adrenalina, hormônios que provocam aumento da freqüência cardíaca e da pressão arterial. Não é piada. "Quando agem no organismo por períodos prolongados, esses hormônios podem causar hipertensão e problemas cardíacos", explica Luiz Eugênio Mello, professor de Neurofisiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ou seja, quem ri não só vive melhor, como também vive mais.