quinta-feira, 25 de março de 2010

Atenção: A importância de uma alimentação correta em Tratamentos de Câncer

Alimentando-se corretamente o paciente irá se sentir melhor e mais forte, além de manter ou recuperar o peso, tolerar melhor os tratamentos e os efeitos colaterais, diminuir o risco de infecção e melhorar a cicatrização.




A terapia nutricional para pacientes com câncer deve ser realizada de forma individualizada, levando-se em consideração, suas necessidades nutricionais, restrições dietéticas, tolerância, estado clínico, e efeitos colaterais esperados. Deve ser instituído tão logo seja diagnosticado a doença para prevenir a perda de peso e a desnutrição.



A escolha da estratégia nutricional pode variar desde a orientação nutricional nos primeiros estágios preventivos do diagnóstico, até a implementação de nutrição enteral (por sonda) em pacientes que não sejam capazes de suprir suas necessidades por via oral.



Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) no Brasil ocorrerão 472.050 casos novos de câncer em 2006. Os tipos mais incidentes, à exceção de pele não melanoma, serão os de próstata e pulmão no sexo masculino e mama e colo do útero no sexo feminino. Embora a situação ainda esteja muito longe da ideal, recentemente as possibilidades de tratamento do câncer são bem maiores do que eram há alguns anos atrás.



A incidência de desnutrição em pacientes com câncer varia de 40 a 80%, sendo que os pacientes com tumores na região de cabeça e pescoço, pulmão, esôfago, estômago, cólon, reto, fígado e pâncreas apresentam uma maior prevalência, enquanto os pacientes com câncer de mama, leucemia, sarcoma e linfomas tem um baixo risco de perda de peso. A variação dessa prevalência ocorre primariamente pela localização do tumor, mas pode ser também devido a diferentes critérios utilizados para definir a desnutrição: idade, tamanho do tumor, tipo histológico, grau de estadiamento, presença de metástase e tratamento oncológico.



Os efeitos clínicos da desnutrição se manifestam por dificuldade de cicatrização, aumento do risco de infecção e toxicidade do tratamento, maior demanda de cuidados e custos hospitalares, diminuição da resposta ao tratamento, da qualidade de vida e sobrevida, quando comparados com pacientes com um adequado estado nutricional.



As modalidades de tratamento para o câncer podem incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou a combinação de ambos. Cada uma destas podem resultar em efeitos colaterais que afetam o estado nutricional. As cirurgias podem resultar em dor local, dificuldade de mastigação e deglutição, jejum prolongado, fístulas, infecção da ferida operatótia, etc. A radioterapia e a quimioterapia não atuam exclusivamente na população de células malignas, atuam também nos tecidos normais, causando os efeitos colaterais e contribuindo para problemas nutricionais específicos e afetando potencialmente o estado nutricional do paciente.



Alguns quimioterápicos levam a anorexia causando uma anormalidade no paladar, presença de ulceração na mucosa como mucosite, queilose, glossite, estomatite e esofagite interferindo na ingestão de nutrientes devido a dor severa. Praticamente todas as drogas antineoplásicas causam náuseas, vômitos e alterações gastrointestinais como a diarréia e constipação, sendo que esses sintomas são proporcionais a quantidade de droga ministrada, tornando-se mais intensos quando a quantidade de droga for maior. As primeiras conseqüências são redução da ingestão alimentar e conseqüentemente uma depleção do estado nutricional.



A gravidade dos efeitos da radiação dependem da área tratada, do volume, da dose e do tempo de tratamento. Apesar de temporários esses sintomas levam a graves conseqüências nutricionais, em especial quando os pacientes não são submetidos a um acompanhamento nutricional precoce e adequado. Portanto, as intervenções nutricionais pró-ativas em substituição às reativas devem integrar a terapia do câncer para que haja melhora nos resultados clínicos e na qualidade de vida.



A terapia nutricional pode ser feita por três vias, ou seja, a via oral, enteral ou parenteral. Cada método tem suas indicações precisas e adequadas, não cabem considerações sobre qual método é mais seguro ou barato. Havendo condições sempre a via mais fisiológica é a ideal.



Deve-se insistir na via oral, fracionando melhor as refeições, modificando a consistência da dieta e variando a alimentação para evitar monotonia. Se apesar destes ajustes não se conseguir atingir as necessidades calóricas é válido o uso de suplementos nutricionais orais.

Recomendações nutricionais para melhorar os sintomas causados pelos tratamentos



Sintomas

Recomendações possíveis





Anorexia

Orientar sobre a necessidade de um bom estado nutricionalAumentar o fracionamento das refeiçõesAumentar a densidade calórica das preparaçõesMelhorar a apresentação dos pratosUtilizar bebidas nutritivasPossibilitar a escolha das refeiçõesProporcionar ambientes agradáveis para as refeiçõesEvitar cobrança excessiva de ingestão alimentar





Fadiga

Receber ajuda na acomodação à mesaNão ajudar na preparação dos alimentosAdaptar a consistência da dieta





Náuseas e vômitos

Aumentar o fracionamento das refeiçõesNão ingerir líquidos durante as refeiçõesFicar afastado da cozinha durante o preparo das refeiçõesEvitar os alimentos muito condimentados, gordurosos e docesAlternar refeições líquidas com as sólidas, não-concomitantesSugerir preparações de alta digestibilidade em temperatura fria ou gelada ou à temperatura ambienteNão deitar-se logo após as refeições





Alteração de paladar e odor

Manter a temperatura das refeições conforme melhor aceitar Substituir os alimentos pouco tolerados por aqueles nutricionalmente similares e melhor aceitosMelhorar a apresentação dos pratos





Mucosite, estomatite,odinofagia, ulcerações na orofaringe

Antes das refeições, providenciar alívio da dor Evitar os alimentos irritantes (especiárias, secos, duros, ácidos, etc.)Evitar extremos de temperatura Modificar a consistência da dieta para pastosa ou semi-sólida dependendo do grau de comprometimento da mucosa oralCuidados com higiene oralIndicar terapia nutricional enteral nos casos mais gravesEvitar bebidas alcoólicas, cafeína e tabaco





Xerostomia

Ingerir pequenas quantidades de líquidos freqüentementeAvaliar a necessidade de saliva artificial e indicá-laEstimular o consumo de balas de limão ou hortelã e gomas sem açúcar Introduzir mais molhos, caldos, sopas na dieta





Saciedade precoce

Aumentar o fracionamento das refeiçõesEvitar o consumo abundante de bebidas, especialmente durante as refeiçõesEvitar alimentos crusEvitar preparações gordurosas ou muito ricas em molhos



Diarréia

Aumentar a ingestão de líquidos Preferir refeição leveIngerir pequenas porções durante o diaUtilizar temperos como cebola, alho, sal e óleo com moderaçãoSuspender os alimentos laxativos como verduras, frutas como laranja, mamão, ameixa preta, côco ( a água de côco pode)Introduzir os alimentos constipantes como batata, mandioca, sagú,



Constipação Intestinal(prisão de ventre)

Aumentar a ingestão de líquidos, dando preferência aos sucos laxativos Aumentar o consumo de alimentos ricos em fibras (legumes, frutas com casca ou bagaço, verduras cruas e cozidas, cereais integrais)Evitar o consumo de maisena, creme de arroz, arrozina e fubáPraticar atividade física sob orientação médica







O que devo fazer para ter uma alimentação adequada?



Os alimentos desempenham diversas funções no organismo. Dessa forma, eles se agrupam de acordo com as funções que exercem, não existindo nenhum alimento que seja completo, ou seja, que sozinho tenha tudo o que nosso organismo precisa para ter um bom funcionamento, portanto, é necessário introduzir alimentos de funções diferentes nas suas refeições para sua dieta estar equilibrada. Por exemplo: o almoço contendo 1 porção de cereal (arroz ou macarrão ou batata) + 1 porção de leguminosa (feijão ou lentilha ou ervilha) + 1 porção de carne ou ovo + 2 porções de hortaliças (vegetais crus e cozidos) + 1 porção de fruta como sobremesa.



Utilizar o óleo e sal com moderação para o preparo das refeições e cebola, alho e ervas aromáticas (salsa, coentro, manjericão, alecrim, louro, etc) à vontade. Para saber mais dê uma olhada num exemplo de uma dieta geral.



O tratamento do câncer é complexo e leva às alterações físicas, psicológicas e sociais, não só para o portador da neoplasia, mas também para as pessoas que convivem com ele. A importância e a necessidade de uma equipe multidisciplinar, geralmente envolvem o trabalho de diversos especialistas treinados e experientes, em locais que possuem infra-estrutura suficiente, com o objetivo de redução da morbimortalidade e melhora da qualidade de vida do paciente e de seus familiares.

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